rico só é o homem que aprendeu,
piedoso e humilde,
a conviver com o tempo,
aproximando-se dele com ternura,
não contrariando suas disposições,
não se rebelando contra o seu curso,
não irritando sua corrente,
estando atento para o seu fluxo,
brindando-o antes com sabedoria
para receber dele os favores e não a sua ira;
o equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo,
e quem souber com acerto a quantidade de vagar,
ou a de espera,
que se deve pôr nas coisas,
não corre nunca o risco,
ao buscar por elas,
de defrontar-se com o que não é.
Raduan Nassar, em Lavoura Arcaica
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