segunda-feira, 24 de outubro de 2011

trate bem o seu porteiro. e pegue sempre um casaco.


Saí de casa correndo. Fiquei com a ideia fixa daquele casaco. Pego o casaco? Entro no facebook, alguém disse que serão uns trinta graus hoje. Pego o casaco, hein? Para quê. Pego. Saio. Volto. Tudo ao contrário. 

Quem eu achei que vinha, não veio. Tudo bem. Café. Reunião em vinte minutos. Saio correndo de novo. Vou e volto meio sem perceber. Tá tudo revirado. Resolvi caminhar para casa, começou a chover. Decidi cozinhar. Passo pela rua de nunca. Cheguei em casa com umas dez caixas de biscoitos. É, biscoitos. Decido fazer as pazes com o porteiro que sempre me diz não. Porteiro sempre de mau humor, eu grito bom dia para ele (todos os dias), e ele nunca me responde. 

Perguntei se ele queria biscoitos. Ele não respondeu. Pegou os biscoitos e saiu. Termina o dia, e eu na chuva. É ótima a chuva, ela sempre me ajuda. Ela fala comigo, eu juro. Me diz coisas e coisas. Quando eu não acredito nela, pinga mais forte. Na testa. Em cheio. Que merda. 

Desculpe pelo merda. Ah, nada. Não me desculpe nada. Cheguei em casa. As compras, a sobremesa. Esqueci a chave. Perdi a chave. Cadê a chave? Fiquei trancada na rua. Fora de casa. Com os cabelos na chuva. Ninguém para ajudar. Recorrendo às pessoas erradas. As mesmas pessoas erradas, que idiota. Chuva idiota, eu idiota. Mas por que, hein? Desliguei tudo. 

Deitei no chão. É, no chão. No chão do corredor. Liguei o som. Ouvi todo disco do Nei Lisboa. E aí eu dormi. Acordei meia hora depois, a vizinha do lado interfonou lá para o porteiro sem entender nada. Liguei para a minha faxineira. Ela saiu correndo de casa, na chuva, para vir me trazer a chave. É. No meio de uma galera pra me ajudar, a faxineira veio, de ônibus, correndo. E gritava do outro lado da rua, tão molhada quanto eu: "Maaaaaari, tô aqui!!!". 

E adivinhe quem saiu correndo (todos correndo nessa história) para me emprestar um guarda chuva no meio de toda confusão? O porteiro. Sim, o porteiro. 

É, esse dia serviu para uma coisa muito importante: eu parei no meio da rua, no meio do céu pingando e apaguei o que tinha ficado. A única coisa que tinha ficado. É melhor eu obedecer esse dia todo revirado, porque não é de graça que tudo dá errado.

Obs: e quando você sair de casa realmente pegue o casaco. A gente nunca sabe quando o mundo vai resolver desabar. 

Um comentário:

  1. Hahahaha, gostei! Fiquei pensando que na vida nós, além de não controlarmos nada, nos surpreendemos quase sempre com as coisas que julgamos saber. Não é só sobre a chuva que desaba sem aviso prévio, ou o porteiro que nos pega desprevenidas com uma atitude doce. As coisas mais intensas da minha vida foram as que não planejei. Bjs!

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