Eu não gosto de gente que me pergunta: “o que você anda fazendo da vida?”. Vamos partes. Primeiro, eu quero matar o sujeito. Ok, passou. Meu instinto assassino não deve durar mais que um segundo, mas é sempre bom ter cuidado. Depois, eu fico sem resposta. Será que eu digo trabalhando? Estudando? Estudando e trabalhando, pronto. Aliás, estudando muito, trabalhando mais ainda. Melhor: estudando muito, trabalhando mais ainda, morrendo de saudades da minha prima de terceiro grau que mora na Sibéria, planejando ir morar no exterior, cuidando de dez gatos, ouvindo barulhos da festa do vizinho, torcendo pro meu time ganhar, procurando o cortador de unhas, fazendo a mala e indo dormir cedo. Gente, o que você anda fazendo definitivamente não é a pergunta ideal para começar uma conversa. É aberta demais, subjetiva demais. Chata demais. Deixa a pessoa sem saber o que responder. Talvez ninguém na face dessa terrinha concorde comigo, mas eu prefiro que alguém que convide pra tomar um sorvete na praça do que me pergunte esse maldito o-que-você-anda-fazendo-da-vida. Até porque eu não ando fazendo nada da minha vida. Eu ando vivendo a minha vida.
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