sábado, 16 de outubro de 2010

tem horas.


tem horas em que a pele aparece. os cabelos ficam ondulados com o vento. tem horas em que qualquer instante vira um momento. tem horas que são. horas. tem cor, tem desespero. tem uma camiseta amassada, branca e suada. tem os pés descansando ao sabor do nada. tem a madrugada. as saias rodadas balançam. os movimentos mais sutis viram eternidade. tem horas em que vidas se cruzam, e tem outras em que as vidas passam pertinho, nem se olham, e vão embora. tem as horas mais escuras, as horas mais etéreas. eu fico apegada a palavras, brincando de encaixá-las de diferentes formas em diferentes contextos. fico brincando de encaixar o que vivo em mim mesma. e descubro que quando não estou comigo, me dá uma saudade enorme do que sou. fico brincando com as palavras, agora são as horas. podiam ser os dias, já foram as semanas, podem até ser verbos. fico horas, dias, verbos. a pele novamente aparece: enrola-se no teu corpo, me leva para a cama, me leva para longe. das minhas próprias horas.

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