quarta-feira, 20 de abril de 2011

Viajando para acreditar.


Eu acredito no amor, nos edredons bem fofos e em trabalhar de madrugada. Já acreditei mais em café na cama e em paixão que nunca morre. Acredito nos espressos mais fortes, e apenas em doces feitos com chocolate. Acredito na palavra etéreo, nos LPs dos Beatles, nas cartas que a gente nunca manda e nas fotografias.

Eu acredito em filmes tipo A Vida é Bela, acredito nas poesias mais bregas, nos horários mais malucos pra dormir e nos caderninhos coloridos. Acredito no samba, desconfio da bossa nova. É amada demais, mas vive triste por ser abandonada. Sofre de paradoxo.

Eu acredito em bilhetinhos de amor, acredito em carregar sempre cartões de visita na bolsa e desde a semana passada acredito em comida mexicana. Acredito nas casinhas coloridas da Cidade Baixa, que devem ter um corredor enorme. Se alguém chamasse para almoçar, o grito chegaria só na hora do café. E ainda estaria frio. Tá, mas eu não acredito em café frio.

Eu acredito que música vicia, que sempre vai acontecer a coisa certa com a pessoa errada e que nunca dá pra terminar duas coisas nessa vida: borracha e caneta BIC. O resto sempre tem fim. 

Eu acredito na vontade de viver dos livros, nas feiras de frutas e verduras dos bairros e nos croissants de qualquer padaria francesa. Acredito que jornal só perde a validade quando a gente lê. Parece que não interessa tanto quando uma coisa aconteceu, ela vira notícia quando a gente fica sabendo.

Eu acredito em ir ao cinema sozinha. Não acredito em reunião demorada, nem em loteria. Super acredito em frases de amor, de efeito, de impacto, ou qualquer coisa dessas que emociona. Ou vai me dizer que você também não adora um pouquinho de motivação em poucos caracteres. 

Eu acredito em dormir até o meio-dia no meio da semana e em trabalhar no domingo, acredito que vontade de fazer as coisas não tem data nem horário, e que só é feliz quem pensa exatamente assim como eu. E eu não acredito em quem disser o contrário. E muito menos acredito que sou teimosa, chata ou coisa assim. 

Eu acredito que quem mais quer é quem mais foge, e que a gente sempre tem uma ótima desculpa para não fazer o que mais precisa. E agente ainda acha que acredita nisso.

Eu acredito que tem muita coisa pra se acreditar. A gente vai mudando a roupa das ideias. E sempre tem uma coisa nova sentada esperando julgamento: a gente acredita ou não? Uma pessoa, uma nova aula na academia, um novo restaurante, qualquer coisa. Pode ser até aquele vizinho novo que você já acredita - e juraria - que é um lindo. 

E aí mora todo encanto da viagem: no sabor de acreditar. 

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