quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

revirando coisas de santiago.



Estou imersa em não saber. 
Estou em mais um ponto de virada.
Mas como será que vim parar aqui?
O que virá agora?
Parece que eu descobri o que vim fazer em Santiago: as pazes.
Pazes.
Pazes é o plural de paz?
Pazes então é tipo ficar várias vezes em paz? 
Em paz com várias coisas.
Gostei.
Eu comprei fones de ouvido. Sabe?
Aqueles enormes, que antes de tocarem música isolam barulhos exteriores.
Lindos, os fones.
E é isso que a gente não faz.
A gente nunca silencia antes de tocar.
A gente termina sempre sobrepondo sons.
São sempre mil e duas coisas acontecendo.
Nem para chorar a gente para.
É mais. Mais coisas ao mesmo tempo, mais dinheiro, mais trabalho, mais reuniões, mais correria. Odeio a palavra correria. Me dá a sensação de estar andando de um lado para o outro em vão. Desperdiçando energia, sabe?
Voltando aos fones.
Antes de colocar música, percebi que eles deixam um silêncio nos meus ouvidos. Nossa.
Um silêncio estranho. Cadê a música? Cadê as pessoas falando lá fora?
Os fones me fizeram uma homenagem: um minuto de silêncio.
Carros, plantas, mapas, cadernos, lapiseiras, cafés, jogos de tênis, revistas usadas, óculos de sol, torradeiras, chinelos e colares de pérolas. Agendas do ano que vem, fotos que a gente nunca joga fora, passagens de avião.
Tudo parado. 
Só os fones de ouvido. 
Deu para ouvir o barulho de dentro. 
A gente tem que parar de falar para ouvir.
E parar de ouvir para silenciar.
Silêncio só existe se a gente realmente parar de ouvir e de falar.
Não vale nem pensar. O pensamento é a forma que a mente encontra de falar.
E sem silenciar, a gente não tem paz. E se não tem uma paz, imagina várias pazes.
Ou seja, se a gente não calar a boca o mundo de fora, a gente nunca vai, de fato, fazer as pazes. Nem com ninguém, nem com a gente mesmo, que é no fundo o que mais importa.
Moral da história: compre fones de ouvido. E jogue o resto fora.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

rebecca dautremer.


coisas que não se justificam.

wishlist.


e a moral do ano, pra mim.

não seja leviano com o coração dos outros.
de forma alguma.

happy old year.


eu comemoro você.
que foi a melhor forma
do meu ano terminar. 

amar é decorar.

eu sei o teu cheiro.
com perfume.
sem perfume.
com pouco perfume
ou com um
perfume diferente.

never too much.


tanta coisa pra viver, que nem sei por onde começar.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

rápido e rasteiro, chacal.

vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.

aí eu paro
tiro o sapato
e danço o resto da vida. 

todas as relações que já cumpriram seu karma devem terminar em 2011.

ou um 2012 tenso pra vc.

2011, seu doido.


2011, seu doido varrido. ele também já foi ano novo, quando tava terminando 2010. e agora já ficou velho, gagá e cheio de rugas. bom ou ruim, alegre ou triste, louco ou normal, está acabando. indo embora bem daqui a pouquinho e eu fico pensando quanta coisa mudou na minha vida. blá blá blá e todo mundo diz a mesma coisa. "foi intenso" pra cá, "valeu a pena" pra lá. é. foi bem assim. é aquela mesma história desde sempre. espero repetir os mesmos clichês todo final de ano, espero que a vida mude sim, freneticamente, todo ano. vamos combinar, qual a graça de não sentir falta do tempo que passa? qual a graça de não sentir a vida voando e escorrendo pela bainha da calça que a gente escolheu pra dançar? qual a graça de terminar o ano sem achar que o que vem será ainda melhor? nenhuma. 

esse ano me confundiu do começo até quase o fim. me fez passar por tanta coisa que eu não poderia terminá-lo sendo a mesma pessoa de sempre. seria injusto com tudo que a vida tentou me ensinar, eu não aprender. a gente não enxerga direito as coisas enquanto está vivendo, e nunca vai saber o motivo de passar por certas situações até que, mágica, as coisas passam e a gente vê. 

eu já escrevi uma coisa aqui, e repito sem frescura: para algumas coisas na vida passarem, a gente é que tem que passar por elas. e é isso. eu tinha que cair para olhar o mundo sentada no chão. eu tinha que voar para ver as coisas de cima. e aí, finalmente, eu consegui caminhar direitinho. com os pés no chão, paz no olhar e felicidade em todo resto de mim. 

domingo, 11 de dezembro de 2011

se for pra morrer, que seja de amor.

nota mental para o ano que vem: juntar meus pés aos teus.

sou dona do sol.


sou dona do sol. das suas horas. da sua mão que me acompanha em todas as idas. do meu giro em torno a ti, bailarina dançando amor. sou dona do dia e da noite. de mim e do mar. sou dona do tanto que se vive, do tanto que se busca, do tanto que, finalmente, se encontra. 

caminhar no mar.


o amor é uma doce notícia: de viver só ao teu lado. 
e viver perto quando estamos longe.

my feelings.

ansiedade: uma coisa que acontece a partir do momento que a gente se dá conta que precisa mudar alguma coisa e o tempo dessa coisa realmente ser mudada. 

tipo ressaca de amor.

omission.


Going nowhere
(Take it from your eyes)
Going nowhere's the only clear shot

gente que enxerga bem os problemas. só nos outros.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

sobre filmes.

Uma das metas desse final de ano é conseguir, no meio da loucura de todo mundo comemorando o final de ano, ver filmes. Horrores de filmes. Uma dezena, uma dúzia, um caminhão de filmes. 

Quantos filmes será que cabem num caminhão?

Enfim. Filmes. Aí ontem fui ver um filme francês lindo e delicioso com uma amiga. E hoje fui ver um drama lindo e delicioso sozinha. E fico aqui pensando: é legal se emocionar, é legal esquecer que a gente tá no cinema, porque já entrou na história, é legal parar tudo e ficar ali curtindo um pouco de outras coisas.


Le Gamin au Vélo
(descobri que o filme é belga, uhu)


Le Nom des Gèns
(francês querido e apaixonante)

Mais uns sete filmes e eu saio da sala falando francês. E acreditando nos encontros lindos e suaves da vida que a gente leva. E releva. 

a essência como éter.

sara forestier.

toda pressa e toda calma.


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Quem ama tem toda pressa e toda calma. Ao mesmo tempo. 

Quem ama curte engarrafamento, curte novela das oito, curte a comida que demorou demais para ficar pronta. Quem ama nem tem fome, eu acho. Só lembra de comer lá pelas quatro da tarde. Quando lembra. 

O caminho mais longo é o que interessa, e então os dois podem ficar mais tempo juntos. Nada de sair correndo. Eles são donos de tantas madrugadas, que eu terei que pintar na parede os números para lembrar. Quem ama tem toda pressa. Pressa de ter um pouco mais dos olhos para olhar, um pouco mais da pele para sussurrar. Quem ama é bobo, fica à toa e é isso que importa. 

Quem ama tem calma para abrir a porta, para descer escadas, para parar e bisbilhotar o jeito do outro enquanto olha o sol. Quem ama consegue, de alguma forma que eu não entendo, ficar imóvel e correr ao mesmo tempo. 

Consegue fixar o olhar no outro e na janela para a rua. Consegue dormir e fazer planos. Consegue virar o outro de cabeça para cima. Quem ama não precisa combinar, não tem mais horário, desfaz os planos e muda os movimentos de lugar. 

Quem ama tem toda vida e toda a alma. Ao mesmo sentimento. 

visionário.

se
(pelo menos)
subindo
pelas paredes
a gente
conseguisse
chegar
no
céu.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

I believe.


pouco me importa se o mundo é aleatório.


Eu tenho um amigo:

Que não via há anos. Que era meu colega. Que eu nem lembrava direito. Que eu reencontrei. Que conversa comigo e parece desmontar o céu nublado com uma pinça, nuvem por nuvem. Que se aproxima. Que está perto em momentos legais. Que me convidou pra ir pra praia. Que na verdade nem é praia. Que é mato. Que é rio. Que é respirar. Que foi muito legal. Que gerou muitas conversas. Que falavam sobre a vida. Que brindavam os amigos. Que comentaram sobre outra amiga. Que ia dar aula na segunda. Que era na mesma escola que eu tô fazendo curso. Que eu achava que não era meu curso. Que eu não vi o recado avisando que as turmas seriam misturadas. Que era todo mundo junto. Que foi muito legal de participar. Que fez eu me emocionar com o momento que o mundo anda passando. Que fez eu assistir uma aula muito muito muito inspiradora. Que fez eu ficar um pouquinho mais para conversar no final. Que fez eu perceber que essa amiga do meu amigo não conseguia ligar pra ele no celular. Que ele tinha que vir para dar uma carona. Que eu consegui ajudar ligando pra ele. Que demorou o tempo suficiente para eu conhecer uma pessoa nova. Que me convidou pra sentar. Que quis conhecer meu trabalho. Que vai numa reunião quinta de manhã para falar de um evento. Que já virou uma parceria. Que fez eu chegar em casa bem feliz. Que me deixou meio bêbada de mundo. Que me deixou tonta por ser assim tão aleatório. Que me fez ficar pensando sem sentido. Que é uma coisa horrível. Que não leva a lugar nenhum.

Que eu esqueço que:
Não faz a menor diferença.
Não muda a grandeza das forças.
Nem a beleza das coisas. 

Porque pouco me importa se o mundo é aleatório.
O que me faz brilhar é a certeza de que as suas conexões são perfeitas. 

ninguém muda. o tempo todo. no mundo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

amor sem fita métrica.


me impressiono com as métricas. 
as medidas. os reflexos, as transposições. as repetições, a falta de reajuste. 

é a mesma moeda, a mesma troca. é uma repetição de inflações em diferentes casos. tipo rebater o mesmo sentido de um olhar num olho que nem estava na história. parece confuso, mas não é. 

é bem claro: a gente adora repetir os padrões. e acha que tá arrasando quando faz isso, o que é pior. e acha que a música tá diferente, e acha que o caminho ficou mais claro, mas não. engano, engano. faz parte, eu acho. 

tem coisas que para passarem, a gente tem que passar por elas. mesmo. tem que tapar a visão com os próprios erros, tem que fingir que tá tudo lindo e se enganar. pra cair de novo e, quem sabe, recomeçar.  

eu quero bater a cabeça numa porta torta, quero errar o caminho de volta, porque não estudei antes. quero não saber direito o que é, quero sofrer pelo que é novo. quero a parte ruim junto, o desajuste, desconectar para ligar de novo noutro lugar. eu quero poder escolher o errado. e ajustar a luz até o dia esclarecer meu amor. 

eu não quero um relacionamento perfeito.
eu quero um amor imperfeito.

***

you and selah sue.

salve-se quem puder. hoje eu vou dormir cedo. então talvez o mundo acabe, sei lá.

desculpa, mas eu fico rindo dentro dessa galera que se engana de graça por aí. meudeus.

e para outras coisas ficarem, a gente também tem que passar por elas.

para algumas coisas passarem, a gente tem que passar por elas.

a calma é uma covardia da alma.

tolstoi que disse, e eu concordo.

tem cenário que não adianta mudar a luz. roxa, azul, lilás, amarela. os móveis não mudam de lugar. nem as pessoas.

les amours imaginaires. todos os nossos.


Les Amours Imaginaires
Xavier Dolan, Canada, 2010

o quanto que a gente pensa. o quanto que a gente imagina. idealiza, sonha, viaja, se perde. o quanto que a gente se acha. o quanto que a gente vive achando que é o centro. o quanto a gente acha que sabe as coisas. o quanto que a gente cria verdades. o quanto que a gente escorrega nas verdades. o quanto que a gente tem medo. o quanto que a gente se engana, o quanto que as nossas balanças estão quebradas. o quanto que às vezes o outro nem percebe, o quanto que a gente quase se mata por isso a todo instante. 

o quanto o amor é imaginário, o quanto todos os amores são imaginários. todos os nossos. 

"ih, eu já fiz muito cabelo de concha sem par"

"é muito mais simples quando existe alguém"

do filme les amours imaginaires.

domingo, 20 de novembro de 2011

she came into the bathroom window.

the beatles.

a única pessoa que você pode controlar num relacionamento é você mesmo.

(e às vezes nem isso)

sabe o que você é pra mim? a mulher mais linda do mundo.

vontade louca de tomar sorvete: a gente vê por aqui.

Que el mundo está como está por causa de las certezas.

frontera, drexler.

if you have no wish, how can it possible come true?

verdadíssima. bem grandona.


sábado, 19 de novembro de 2011

mas as saudades tuas são saudades minhas.

já que você não veio na mala / eu vou dormir na sala / pra mudar a rotina

pra alegrar o meu dia, tiê.

o samba é um santo remédio pra quem quer viver.

pedro luis e a parede.

ai, por que a gente se perde tanto hein?

eu, pedro luis e a parede.

viveraprendendo.com.br

Das coisas que anotei no meu celular das conversas com o Dorly.

Eduação Bancária
Baseada em competição, comparação, medo.

Educação Orgânica
Baseada em cuidado, criatividade, colaboração.

só a justa medida de tempo dá a justa natureza das coisas.

pouco irritada.

- e a noite hoje? vai sair?
- não, vou ficar em casa. de pijama até domingo.
- ai, sério?
- sim. por quê?
- porque sim.
- mas a semana foi ruim?
- não, a semana foi linda. tudo tá lindo.
- mas hoje é sexta.
- sim, eu sei. já aprendi os dias da semana. até em francês, quer ver?
- não, não...

(pausa dramática)

- mas tu tem que sair hoje. hoje é sexta.
- olha, moço, a sexta é minha e eu faço o que eu quiser com ela. tá?

(eu não sei de onde veio essa religião de que a gente tem que sempre estar saindo, fazendo festa loucamente só porque é final de semana)

(e se alguém souber, não me avisa)

é meio idiota tentar medir o que não se pode.

litros de serenidade.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

esperamos para decidir quando não há mais escolha.

carpinejar, demais.

selah sue e esses vinte e poucos graus de primavera.

(...)


show your love.


just wanna make the world dance.

o sol é uma infinidade de boas notícias.

wait and see.


Há várias maneiras sérias de não dizer nada
mas só a poesia é verdadeira. 
Manoel de Barros

Hoy te quiero, mañana también.

de manhã cedo / já tá pintada


não pensar, contemplar.
não falar, contemplar.
não querer, contemplar.
não entender, amar. 

eu também.

Mas não quero resposta, quero ficar só. Gosto muito das pessoas mas essa necessidade voraz que às vezes me vem de me libertar de todos. Enriqueço na solidão: fico inteligente, graciosa, e não esta feia ressentida que me olha do fundo do espelho. Ouço duzentas e noventa e nove vezes o mesmo disco, lembro poesias, dou piruetas, sonho, invento, abro todos os portões e quando vejo a alegria está instalada em mim.

Lygia Fagundes Telles

terça-feira, 15 de novembro de 2011

amar é um elo / entre o azul / e o amarelo

amar é um elo, paulo leminski

essa vida é uma viagem / pena eu estar / só de passagem

esta vida é uma viagem, paulo leminski

shine until tomorrow / let it be

let it be, the beatles.

bossa nova = pílula do choro

quanta coisa se passa do lado de cá.

quando a gente não sabe o que se passa do lado de lá.

mais amor na varanda.

em que sonho eu sonho meu sonho igual ao teu?

nescafé, apanhador só.

coragem grande é poder dizer sim

nu com a minha música, caetano veloso.

os melhores anos da vida são os que ainda não vivemos

ces amour là, um filme incrível que eu quero rever o quanto antes.

e de tudo que passou / alguém me deve três sabonetes / ah me deve

colocando dia a dia no dia.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

não é o prédio que tá caindo / são as nuvens que tão passando.

prédio, apanhador só.

não me lembro.

mas tem um filme que fala que o amor não existe.
daí a gente tem que fazer amor, pra ele passar a existir.
ai, que lindo. 

três pessoas me ligaram por engano hoje. e uma delas eu conheço há uns dez anos.

conversa recortada.


ficou o dia inteiro esperando por ele. um sinal. um mínimo sinal. sei lá. ligação por engano. nada. ih, desistir de novo. ela ia ter que desistir tudo de novo. ah, mas pelo menos já estava ficando experiente nesse negócio de mudar de ideia o tempo todo. daí ele apareceu. 

- ventão na rua, né.
- é. coisa da primavera por aqui.
- hm. deve ser.

(fazia tempo que ela andava meio fora da cidade. meio fora de si, na verdade.)

- quase saí voando hoje, quando saí na rua.
- é? 
- uhum.
- então tu tá leve.

é. simples, né.
só consegue realmente voar quem de fato está leve.

***

passou o resto do dia de chinelos 
(é uma sensação bem mais perto do chão)

***

e chegou em casa correndo só para ficar de pés descalços logo. 

every new beginning comes from some other beginning's end.

novo mantra da casa.


porque quem acha que sempre vai ter uma amanhã para fazer o que quer,
acaba perdendo todos os dias de hoje, e todos os momentos de agora,
para se perder. 

nota mental: preciso parar de querer fazer todos os cursos do mundo.

blog todo lindo versão roxo quase irritante.

uma pessoa na república tcheca leu meu blog. é sério.

bobeou na crença / príncipe volta / ao seu posto / de lenda

(eu diria de sapo também)
céu, lenda.

por uma vida mais flat.


Cheguei do Rio de Janeiro ontem super pensativa. Mais pensativa do que eu imaginei. Eu tinha três coisas para fazer no dia: encontrar uma amiga, encontrar outra amiga e almoçar na casa da minha mãe. No fim acabei passando quase o dia inteiro com essas duas amigas. E além de almoçar na casa da minha mãe, eu também dormi na casa da minha mãe. Depois de muito tempo. E você deve estar se perguntando o que tem a ver com isso. E até o que isso tem a ver com o título do post e com a foto e com a vida no planeta Terra. Eu explico.

Ontem eu fui fazendo as coisas que eu queria, mas sem planejar. Eu fui indo conforme as coisas iam indo, e conforme as pessoas iam me levando. O domingo foi flat. E eu já estava pensando nessa palavra desde que conversei com um amigo no Rio sobre as coisas de 2011. Que foram, metaforicamente falando, por gentileza, surfar, nadar, cair num buraco embaixo d'água, desaprender a nadar, não saber boiar, saber boiar de novo. Andar de jet ski, de barco à vela, de lancha. Sabe mais ou menos todas as coisas que daria pra fazer na água? Essas todas. Até quase morrer afogada. Sim, porque quase morrer afogada também é uma coisa que dá pra se fazer na água. E na vida, super infelizmente.

E aí acabei indo parar num churrasco (oi, vegetariana) na casa de um dos meus melhores amigos. E lá acabei conversando com uma das pessoas mais iluminadas e lindas que eu conheço... E ele me fez chorar por nada, chorar por tudo. Outra parte do post que não tem nada a ver com nada, mas eu tô aqui justamente para explicar, então fique calmo porque existe uma conexão. 

Quando a gente abre as portas da gente para receber as coisas que a vida fica entregando por aí, a gente começa a se conectar de forma aleatória e sincronizada. Sim. Os encontros são aleatórios, mas a forma que isso acontece é conectada. É necessária. É menos espera, e mais contemplação. É menos busca. É menos tentar. 

E o que uma coisa tem a ver com a outra?
E o que significa tudo isso?
E o que significa até o nome desse post?

Significa que eu quero um ano mais flat. Quero um mar mais calmo. Quero um livro sem surpresas. Quero contemplar a vida e as coisas dela, sem ficar buscando mais. Já me encontrei por aqui. E chega de procurar por restos. Eu quero deitar na água, e ficar ouvindo o oceano. Quero confiar nos encontros e desencontros, quero aprender com as coisas que chegarem pertinho de mim. 

O ano que vem bem que poderia vir bem tranquilo, para me dar um monte de serenidade. E me levar para um mar bem lindo, bem enorme, com um horizonte linear e com um movimento calmo. É isso que agora me significa. 

sábado, 12 de novembro de 2011

o sol é meu.

 

ontem aqui no rio de janeiro acabei indo para um happy hour e depois para outro happy hour e enfim. parece que toda a noite foi uma super happy hour, no sentido literal mesmo da tradução, sabe. horas felizes pra caramba. e que me fizeram serena.

é, parece que as coisas estão voltando a brilhar dentro. não, eu não estava deprimida, não queria me matar, nem nada disso, mas acabei transformando a minha vida, durante a maior parte desse ano, numa reviravolta de emoções. em apostas altas, em riscos absurdos. passei meu ano entregando tudo e muito mais. passei meu ano aprendendo a entender tudo, a aceitar tudo e fechando a porta do quarto para chorar. sozinha e debaixo do travesseiro, para nem eu enxergar. passei o ano precisando ser forte. e sendo forte.

e foi ótimo. mas agora eu quero que esse ano acabe. no calendário, logo. dentro de mim, mais ainda. que 2011 fique marcado na minha vida como o ano em que eu mais aprendi. 

aprendi a morar sozinha, aprendi que a faculdade termina, aprendi que eu sei fazer um monte de coisas sem ninguém, mas que eu posso precisar fazer mais um monte de coisas acompanhada, e que admitir isso é lindo e necessário. 

aprendi que um dos botões da máquina de lavar esquenta muito a água e acaba manchando todas as roupas de rosa. mas tudo bem, dá para usar as roupas meio cor de rosa na rua e vai ficar tudo bem. aprendi que as pessoas me ouvem quando eu começo a falar, e então eu tenho que ter cuidado com o que eu digo. aprendi que, sem querer, eu acabo ensinando.

aprendi que música é presente, que promessas realmente não valem nada e que planos sempre acabam em adeus. mas aprendi a continuar amando a vida mesmo depois de tantas quedas. aprendi, mesmo, que se histórias não podem ser contadas, elas não podem ser vividas. é. aprendi. da pior maneira, mas aprendi. e espero que esse registro sirva de lição para todas as outras vidas que eu viver.

aprendi que eu sou chata, romântica, que eu acredito em tomar café da manhã com o sol na janela como se vivesse num filme, e que dançar de pés descalços no parquet da minha casa é uma das coisas mais doces para mim. aprendi que eu sou mais difícil do que eu pensava, que eu sempre vou resmungar para dormir e para acordar. sempre. aprendi que eu sei um monte de coisa sobre mim, mas que eu adoro me esquecer em função de várias coisas. e que isso é horrível. e não tem perdão. é a minha vida que não me perdoa. sabe.

aprendi, por fim, que eu preciso admitir que eu ainda, hoje, amanhã e sempre, acredito no amor. num relacionamento saudável, feliz, lindo e bem cheiroso. para me tirar e me colocar no eixo, de maneira equilibrada. que me entregue o quanto eu der. que me acorde com cafuné e que fique perto quando eu precisar. e que eu preciso fazer as pazes comigo mesma. e só assim poderei permitir isso tudo de acontecer.