segunda-feira, 31 de outubro de 2011

poeta e sua musa.


intensidade, amor, poesia.
eu até acho que dá pra viver sem essas coisas, mas juro que não tô a fim nem de tentar.

heladeria.


Vou ensinar para vocês uma nova onda tecnológica, científica, artesanal, magnética e diferenciada que eu inventei aqui em Santiago. É assim: como comer um sorvete em 40 minutos. Vamos lá. Você caminha até a sorveteria, escolhe um sorvete de framboesa com menta, paga, pega o sorvete, senta numa praça e come o sorvete. Em 40 minutos. Isso. Simples, né? Em 40 minutos você está pronto para caminhar de novo. Tem que sentar, tem que ser numa praça, tem que demorar. Aliás, tem que demorar muito. Se passar dos 40min, você ganha prêmios, bônus, reconhecimentos e certificados internacionais de comedor calmo e tranquilo de sorvetes artesanais. Pronto. Quem ultrapassar essa marca, me avisa. Vai ser demais. A gente vive na correria, o tempo todo. Pelo menos quando a gente viaja, vamos demorar tempos bizarros para fazer coisas simples? Eu aderi. 

domingo, 30 de outubro de 2011

é que agora estou escrevendo por fotos.

presente de domingo.

O que transborda
- Marcos Quinan -

Não tenha receio, amiga
Nem se assuste tanto
O que não tem explicação
Explicado está

Olhe em volta, amiga
Nem o mistério de tudo que há
Não está em si
Nem está em nós
Mas explicado está
No que transborda

O que sentimos nos sente
O que olhamos nos vê
O que pedimos nos pede

Explicado está, amiga
O mundo que construímos
No pensamento
Construído está
A saudade que sentimos
Reunida está
O desejo, amiga
Mesmo intangível
Latejando está

É no que transborda
Dentro da gente, amiga
Que a vida está

cada um escolhe a sua maneira de ser infeliz (marcos quinan)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

trate bem o seu porteiro. e pegue sempre um casaco.


Saí de casa correndo. Fiquei com a ideia fixa daquele casaco. Pego o casaco? Entro no facebook, alguém disse que serão uns trinta graus hoje. Pego o casaco, hein? Para quê. Pego. Saio. Volto. Tudo ao contrário. 

Quem eu achei que vinha, não veio. Tudo bem. Café. Reunião em vinte minutos. Saio correndo de novo. Vou e volto meio sem perceber. Tá tudo revirado. Resolvi caminhar para casa, começou a chover. Decidi cozinhar. Passo pela rua de nunca. Cheguei em casa com umas dez caixas de biscoitos. É, biscoitos. Decido fazer as pazes com o porteiro que sempre me diz não. Porteiro sempre de mau humor, eu grito bom dia para ele (todos os dias), e ele nunca me responde. 

Perguntei se ele queria biscoitos. Ele não respondeu. Pegou os biscoitos e saiu. Termina o dia, e eu na chuva. É ótima a chuva, ela sempre me ajuda. Ela fala comigo, eu juro. Me diz coisas e coisas. Quando eu não acredito nela, pinga mais forte. Na testa. Em cheio. Que merda. 

Desculpe pelo merda. Ah, nada. Não me desculpe nada. Cheguei em casa. As compras, a sobremesa. Esqueci a chave. Perdi a chave. Cadê a chave? Fiquei trancada na rua. Fora de casa. Com os cabelos na chuva. Ninguém para ajudar. Recorrendo às pessoas erradas. As mesmas pessoas erradas, que idiota. Chuva idiota, eu idiota. Mas por que, hein? Desliguei tudo. 

Deitei no chão. É, no chão. No chão do corredor. Liguei o som. Ouvi todo disco do Nei Lisboa. E aí eu dormi. Acordei meia hora depois, a vizinha do lado interfonou lá para o porteiro sem entender nada. Liguei para a minha faxineira. Ela saiu correndo de casa, na chuva, para vir me trazer a chave. É. No meio de uma galera pra me ajudar, a faxineira veio, de ônibus, correndo. E gritava do outro lado da rua, tão molhada quanto eu: "Maaaaaari, tô aqui!!!". 

E adivinhe quem saiu correndo (todos correndo nessa história) para me emprestar um guarda chuva no meio de toda confusão? O porteiro. Sim, o porteiro. 

É, esse dia serviu para uma coisa muito importante: eu parei no meio da rua, no meio do céu pingando e apaguei o que tinha ficado. A única coisa que tinha ficado. É melhor eu obedecer esse dia todo revirado, porque não é de graça que tudo dá errado.

Obs: e quando você sair de casa realmente pegue o casaco. A gente nunca sabe quando o mundo vai resolver desabar. 

sonhar acordada é ainda melhor.

and she will be loved.

vida (de) volta.


Às vezes a gente acha que não tem mais motivos para acreditar nas coisas da vida. E aí ela olha para nós, como quem ri, e é como se dissesse que estava ali o tempo todo pulando na nossa frente e tentando dizer "vai por ali", "olha para o outro lado" e a gente não acreditava. Mas ela é tão linda e tão doce que continua ali. Soberana e nos enchendo de dias lindos para viver. Recomeçar. E aprender verdadeiramente a amar. 

trabalha e confia, rá.

"estar na cama contigo faria sentido"

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Às vezes me sinto num filme argentino.

hoje eu proclamei o dia oficial do fim de um monte de coisa.

um pouco mais de steve jobs.

“Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: ‘Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último’. Aquilo me impressionou e, desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: ‘Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?’. E se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa”.

“Não temos chance de fazer muitas coisas, e todas devem ser realmente excelentes. Porque essa é a nossa vida. A vida é breve, e morremos, sabe? E todos escolhemos fazer isso com a própria vida. Portanto, é melhor ser muito bom. É melhor valer a pena”.

aprendendo com o cara.

“Você não consegue ligar os pontos olhando pra frente; você só consegue ligá-los olhando pra trás. Então você tem que confiar que os pontos se ligarão algum dia no futuro. Você tem que confiar em algo – seu instinto, destino, vida, carma, o que for. Esta abordagem nunca me desapontou, e fez toda diferença na minha vida”. Steve Jobs. 

pronto.



Eu nasci antes do tempo. Eu tinha pressa de conhecer o mundo. Eu saio correndo para não perder o elevador, mesmo sabendo que seria só chamar de novo que ele viria. Igualzinho. Mesmo elevador, mesmo andar. Eu quero conhecer o mundo todo, todas as pessoas, os filmes, os livros. Eu fico nervosa quando parece que vou perder alguma coisa da vida.

Se eu tenho pressa? Claro, eu só tenho uma vida. Uma vida e zero garantias. Uma vida e tudo para construir. Se eu saio correndo? Mas é claro. Que graça tem passar pela vida e ficar vagando? Que graça tem nunca ter certezas para proteger? E dormir cedo, e acordar com a sensação de que nada anda muito bem. 

Eu queria ser bipolar, sabe? De diagnóstico psiquiátrico. Ai, será que não sou? Ser bipolar para justificar com a medicina a quantidade de coisas que vão e vem. A quantidade de coisas que me fazem sorrir, chorar, sofrer, amar e mudar. O tempo todo. Uma vez me perguntaram quantas horas de sono eu preciso por noite. E eu respondi: depende da noite. Ora. Coisa chata essa de precisar sempre da mesma medida da mesma coisa para sentir fé. Nada. Eu cato a fé pela calçada. 

Meu gráfico é torto, minhas manias mudam, eu troco os móveis de lugar e quanto mais coisas diferentes acontecerem comigo num dia só, mais feliz eu volto para casa. Ah, claro, eu sempre volto para casa por um caminho diferente. Por isso é que provavelmente a gente nunca mais vai se encontrar. 

domingo, 16 de outubro de 2011

conversa cortada.

- E aí, amiga, por que você não quis mais ficar com ele?
- Ah, eu ainda gosto dele, sabe.
- E então?
- Ah, sei lá.
- Sei lá o quê?

(pausa pseudo dramática)

- Tá, vou falar. Você não vai entender, mas vou falar.
- Hm, manda.
- É que ele tem dupla personalidade. E cada uma das personalidades tem dupla personalidade também. Você não entende.
- Amiga, entendo.

***

Como eu entendo.

meu coração já se cansou de falsidade.

Santa Chuva, Marcelo Camelo.

porque os erros antigos ainda te levam para o lugar onde você parou.


chega a ser engraçado como as pessoas não enxergam a diferença que isso faz.

Minha vocação profissional é começar de novo.

Fabrício Carpinejar

era uma vez o amor. eu tranquei ele no armário e joguei a chave fora.

ainda bem que uma hora todo mundo desiste de achar que esse tal de amor existe.

pior que é.


beijos.


ou: faça uma reforma na sua casa. e coloque-a à venda.

faça uma reforma na sua casa. e prefira morar na rua.

e no fim de todas as contas, pelo menos mudei de desodorante.

o que é uma boa mudança, eu diria.

dê apenas um passo por mim. eu prometo que caminho todo o resto com você.

Caio Fernando Abreu.

e de repente a vida te vira do avesso. e você descobre que o avesso é o seu lado certo.

Caio Fernando Abreu.

little things to believe.


não era amor.


Já entendi tudo. Nos enganamos. Erramos feio, claro. Entre idas e vindas, ficamos cegos. De luz e de escuridão, tens razão. Mas agora fico mais calma, eu vejo onde erramos e tudo faz sentido. Sabe o que é, não era amor. Sim, você vai dizer que estou desconfiando de tudo. Mas não. Tudo continua no mesmo lugar, bem bonito e construído com a mesma força. Mas não era amor. Está tatuado no meu braço, como pude me esquecer. Amor só é quando é incondicional. Eu disse isso para mim mesma enquanto a agulha furava aquele pedaço de pele e marcava isso em mim: amor incondicional. 

Se não é recíproco, se não é saudável, se não é leve, se não é seguro, gostoso e humilde, não é amor. Se duvida, não é. Se é preciso fazer as contas, esperar, chegar mais tarde, pensar duas vezes. Não é. É outra coisa. E nisso a gente tem que concordar: fomos todas as outras coisas que se podem imaginar. Confusão, intensidade, viagem, momento, tudo. Fomos coisas lindas e doces, fomos coisas duras e difíceis. Ok, colocaremos cada uma no seu devido lugar e como eu ouvi de você: vai ficar só a parte boa. Claro que vai. Eu sempre levei minha vida assim. Vivendo coisas boas.

Não, não era e não é amor. Porque se fosse amor, nada mais seria relativo. E ele sozinho, imperativo e imperador, seria absoluto. Porque é assim que é o amor.

***

Agora sim, o novo caminho está pronto. 

onde você for vida me leva e todo sentimento me carrega

vida doce

***

sorrindo, meu bem.

muito branco iluminado em uma superfície plana pode ofuscar.

e a definição do segundo é mais longa que o segundo.
nathalie quintane.

***

isso me leva a pensar que, na maioria das vezes, o que passa dentro de nós sobre a experiência dura muito mais que a experiência em si. 

***

tocar na água faz com que toda sua superfície receba, de alguma forma, a vibração do toque. jogar toda a água turva fora é o único jeito de estancar seu movimento. 

eu amo esse poema.


do blog da fê.


A descoberta do que é falso nos leva a procurar com firmeza o que é verdadeiro.
(John Keats)

pelo menos o horário de verão faz a gente perder só uma hora.

every new beginning comes from some other beginning's end

sábado, 15 de outubro de 2011

O que é difícil no começo, é difícil pelo que estamos acostumados a fazer de outra forma no passado.

a crise sempre nos deixa mais do que tínhamos antes.

ninguém dá o que não tem.


Existem pessoas que, cada vez que nos encontram, fazem a gente se perder. Não há música que preencha. Não há esperança que retorne à casa. A gente se toca e assume o comportamento do outro. A falta de clareza. Um brilho que se apaga quando deveria aprender a cantar. Eu imagino tantas coisas, acredito em tantas coisas, erro nas metáforas e me perco no sol. Mas volto para casa e me reconheço. E sei que eu fui para todos os cantos do mapa, que eu visitei todos os lugares de uma sensação. Absorvo o fundo. 

Nada é permanente, a gente transpira mudança. A gente se encontra e se deixa, o tempo todo. Não existe uma  linha que deu o tom desse nosso viver. E isso pesa. Nos perdemos. Constantemente nos perdemos. A vida às vezes fica rindo e pensando o quanto a gente não entende os planos que ela tem para nós. E a gente fica sofrendo quando não enxerga. 

Eu tenho as iniciativas, cuido delas ao acordar. Eu tenho fé no novo, eu abro espaços para conhecer e me deixar levar. Eu não procuro, eu encontro. Eu não fico perguntando, eu vou lá e descubro. É assim que eu tive que ser para ser eu mesma. E é assim que sempre vou conversar com o universo: de maneira doce, baixinho, bem perto dele com suas luzes todas brilhantes. O que eu quero é luz. O que eu quero é simplicidade, o que eu quero é viajar numa estrela. 

O que acontecerá agora depende de como o que aconteceu está guardado na caixinha da vida. E está bem. As pessoas mais difíceis de amar são as que mais precisam de amor, mas infelizmente quem ainda não encontrou o amor dentro, não o reconhecerá fora de si. 

O amor é a união de almas afins. É transbordar. É intensidade e busca. É retorno e ritmo. Por isso é tão lindo, tão mágico e tão complexo. E tão complicado de desenvolver. É muito mais fácil estar numa relação. É muito mais impossível amar alguém. E nessas vias tortas, de cruzamentos doloridos, de movimentos desconectados, quanta tanta força é necessária para a batalha diária de viver livremente...

Alma não tem forma. Não tem sentido, não tem direção. Você não existia, eu estava pronta. Você vai embora, eu continuo pronta. É com a essência que eu me preocupo, não com forças psíquicas aqui e ali. A trajetória continua, a gente não escolhe. A gente recebe de volta o que doar, o que pensar, o que entender e o que metabolizar. Se a gente acaba sendo leviano com a vida, ela será leviana conosco ali na esquina. No próximo ano novo. 

É muito mais fácil andar pelo caminho mais curto. E essa é a diferença de quem sabe e de quem não sabe entender as conexões: o caminho mais curto é mais rápido e mais confortável. Mas não mostra um monte de coisas que estão plantadas apenas nos caminhos mais longos. 

sentimentos são irracionais.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

precisando morrer um pouco.

quem vive esperando nunca vive.

porque, na real, quem erra sem tentar perde todas as outras chances de acertar.

adoro errar tentando. mil vezes.

quando a gente esgota todas as possibilidades, nada resta a não ser conformar-se.

vai, claudio henrique.

a melhor frase.


Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca. (Clarice Lispector)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

quem não sabe o que procura, não percebe quando encontra.

lamentar uma dor passada no presente é criar outra dor e sofrer novamente.

não sei quem disse.

gosto das coisas leves, simples, doces e intensas. SEMPRE.

nothing's gonna change my world.

dia das crianças.


A criança que fui chora na estrada (1933)

I

A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Ah, como hei de encontrá lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.

Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,

Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.


II

Dia a dia mudamos para quem
Amanhã não veremos. Hora a hora
Nosso diverso e sucessivo alguém
Desce uma vasta escadaria agora.


É uma multidão que desce, sem
Que um saiba de outros. Vejo-os meus e fora.
Ah, que horrorosa semelhança têm!
São um múltiplo mesmo que se ignora.

Olho-os. Nenhum sou eu, a todos sendo.
E a multidão engrossa, alheia a ver-me,
Sem que eu perceba de onde vai crescendo.

Sinto-os a todos dentro em mim mover-me,
E, inúmero, prolixo, vou descendo
Até passar por todos e perder-me.


III

Meu Deus! Meu Deus! Quem sou, que desconheço
O que sinto que sou? Quem quero ser
Mora, distante, onde meu ser esqueço,
Parte, remoto, para me não ter.


PESSOA, Fernando. Novas Poesias Inéditas. Seleção, organização e notas de Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno. Lisboa: Ática, 1973.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

(ao som de) a volta do malandro.


Deve existir alguma ligação metafísica entre as faxinas emocionais e as faxinas nas gavetas mais escondidas dos nossos armários. Não tem como fugir. Não tente dormir, escapar. Sair correndo, ir ao cinema, fingir um sequestro. Tem que abrir tudo, olhar tudo, colocar fora (mesmo!) um monte de coisa que perdeu o significado. Música, choradeira, lembranças. Sim, tudo isso rola. Mas faz parte.

Se a gente tem que esvaziar a cabeça de pensamentos, o coração de alguns sentimentos, tem que esvaziar as caixas, armários, envelopes e diários também. É, vai doer, mas é bom. Joga fora, recicla, doa. Mas desmancha. Se a gente não limpa tudo que tem para limpar, não consegue clareza para nada. O negócio é dinâmico, é rápido, tem que funcionar. Ficar choramingando as coisas nunca resolveu nada. Muito pelo contrário, só tornou as pessoas mais melancólicas, mais enroladas e menos felizes. 

A organização de tudo que está em volta de nós reflete, bate, volta, vem e vai. E ajuda a nos organizar. Tirar de perto o que tem uma energia estática do passado é a melhor forma de preparar a casa para uma nova energia. Bem dinâmica, cheia de amor, presente e, quem sabe, futuro. 

A física que me perdoe, mas estou usando as palavras estática e dinâmica bem no sentido literal, tá. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

talvez o lugar mais certo para nós seja simplesmente aquele onde a gente consegue chegar.


se eu pudesse, pintaria um quadro.


Quando a solidão se torna imperativa. Quando até as melhores músicas viram barulho. Deitou na cama. Por cima das cobertas, com a roupa da rua. 

(Ela nunca deitava na cama com as roupas vindas de fora)
(Era neurose, eu acho)
(Sentia que sujaria seu pedaço de lençol)

Talvez nem tenha reparado que era mesmo o vestido cinza. Aquele, sabe? Que pedia para sair rodando com ela pela calçada. Um vestido que a deixava envergonhada... Não pelas tramas, não pela cor. Mas mostrava um pouco mais das suas costas que havia previsto. Ele andava para o lado, ela puxava um pouco mais. Um cinto talvez resolvesse. Poderia prender a parte debaixo, enquanto a de cima dançaria mais. Não. Uma camisa por cima? Queria cobrir o que mesmo? Ah, as coisas que não podem ser vividas.

(Nada)
(Queria cobrir seu desejo)
(E a cama começava a namorar as roupas da rua)

O tempo que a gente fica olhando para um ponto é o mesmo tempo que a gente fica não olhando para outros milhares de pontos. E assim é. Com todos os pontos, o tempo todo. O vestido era comprido e se misturava um pouco às cobertas. O telefone tocou. 

(Medo de atender?)
(Medo de ouvir?)
(Medo de falar?)

(Nada)

Medo de te descobrir. Medo de me errar. O oposto de amor não é indiferença. Não é ódio. É medo. A gente já ouviu isso por aí. Eu pintaria um quadro, se eu pudesse. Para parar de ter medo. 

O vento fala baixo, o volume mais alto é o de um sussurro. O som mais profundo não tem tom. A liberdade é relativa. A falta é subjetiva. Mas a vontade de amar, de entregar-se ao que fica da conexão de duas pessoas lindas e plenas de si é etéreo. É absoluto. 

pessoalzinho que fica por aí se diminuindo pra ganhar ainda mais elogio: chega, né. isso tá tão off, vamos combinar.

a gente aprende.

a coisa certa,
com a pessoa certa,
na hora certa.

Não ter crises é ver o mundo sempre do mesmo jeito.


essa é a coisa mais linda que eu aprendi com meu pai. e agora é um presente. para todos os pais lindos, doentes de amor e puros de essência que eu conheço. 

tanto tempo, tanto vento.

it's time to be a big girl now. and big girls don't cry.

confuso horário, eu acho.

meu amor vive num outro fuso horário.

mundo, você tá bem?


começaram os devaneios.

vida não é só aquela coisa que acontece enquanto a gente está ocupado fazendo outros planos. vida é tudo que a gente perde enquanto está enrolado em si mesmo. e não enxerga as coisas mais claras que os dias mais claros que já passaram por aí. hmpf.

e eu perguntava do you wanna dance...

domingo, 9 de outubro de 2011

eu sinto falta de sair por aí te conhecendo pela rua.

o que acontece é que você anda muito metafísico. e eu, na verdade, só vejo flores.

definitivamente, eu não sabia o que poderia encontrar.

no fim, tudo vira o que não é.

(do filme lluvia)

Amor mesmo é fazer crônica enquanto se conversa. E virar poesia quando se ama.

essa é perto de 19 de maio.
nada melhor que fechar uma história por onde ela começou.

não podemos viver uma vida de ilusões e recomeços.

existe uma vida sem intensidade, mas ela não me interessa.

vá ao teatro.

sábado, 8 de outubro de 2011

nada menos que perfeito.



A vida mete medo quando ela não é formalidade, não temos como nos defender do que parte dos dentes. Tenha um medo assombroso da vida, que é mais justo, deixe a morte com ciúme e inveja, deixe a morte sem dançar. Não fique articulando frases inteligentes, comoventes, certas. Insista. Sei o valor de uma fantasia, mas insista. Tropeçar ainda é andar, pedir desculpa ainda é avançar, concentre-se na dispersão. Ninguém quer falar com ninguém. Mas insista. Na sala do dentista, no trem, no ônibus, no elevador. Insista. O que mais precisamos é estranheza para reencontrar a intimidade. Não há nada íntimo que não tenha sido estranho um dia. Seja estranho com o ascensorista, com o porteiro do prédio, com a colega. Declare-se apaixonado antecipadamente. Depois encontre um jeito de pagar. Ame por empréstimo. Ame devendo. Ame falindo. Mas não crie arrependimentos por aquilo que não foi feito. Sejamos mais reais em nossas dores. Tudo o que não aconteceu é perfeito. Dê chance para a imperfeição. Insista. Estou cansado de me defender – sou só ataque. Insisto.

Fabrício Carpinejar

Circuito 4x1 ou o que eu já aprendi nessa vida de eventos

Está chegando a hora de realizar o primeiro grande evento. Primeiro evento que tem tudo a ver comigo, com a Altos Eventos e com as ideias em que eu acredito mesmo. Primeiro evento com um pouco da minha alma, sabe? E aí achei por aqui uns rabiscos de um texto que eu comecei a escrever e não terminei sobre coisas que eu aprendi em eventos. E achei que seria um momento legal para compartilhar. E aprender de novo. Dei uma melhoradinha e ficou assim. É longo, então clique em preguiça de ler e volte mais tarde se você quiser.

***

Coisas que valem ser feitas num evento (e na vida também, juro)

1. Sorria para todo mundo

Não seja falso fingindo que está tudo bem quando você está com o dedo do pé quebrado ou morrendo de dor de cabeça, né. Mas fora as situações extremas, sorria. Chega de ficar se deprimindo de graça nessa vida. A gente tem que sofrer, sofre. Tem que doer, doi. Mas de maneira geral, viva sorrindo. Sorria na rua, para os cachorros, para as janelas de casa, para os quadros da parede. Sorria. E se eu consigo fazer isso o tempo todo? Claro que não. Mas eu tento. Programe-se para sorrir. Coloque sorrisos no piloto automático da sua vida. 

Num evento, sorria para a tia da limpeza, sorria para um hóspede do hotel que nem foi convidado mas fica de olho no coffee break do seu evento, sorria para os guardanapos, espelhos, plantas. Espalhe uma energia sorridente por onde você andar. Você vai perceber em seguida o retorno que isso dá. 

2. Converse e brinque 

Sabe aquela piadinha que ninguém espera de você? Conte. Seja inteligente no que você falar, guarde uma brincadeirinha de alguém para retomar depois. Faça as pessoas rirem da sua inteligência. Perspicácia. Das suas sacadas, saca? Pareço um mano falando, mas é isso. Pare para ouvir as pessoas, estabeleça uma conexão com elas, converse sobre o que elas estão propondo e brinque. Seja leve e saltitante. De novo: problemas devem ser encarados com seriedade, óbvio. Se faltar luz no meio do seu evento, nada de piadinhas no escuro. Resolva. E depois sim, desfaça a cara feia e vamos lá. Seja brincalhão, sem ser um bobo. 

Eu sou super perfeccionista e sempre espero o máximo de todos os serviços que contrato, mas aprendi ultimamente que a moral do produtor de eventos é estar sempre preparado para o pior. Sempre. Tudo sempre vai dar errado, não é brincadeira. Então a gente tem que pegar leve e resolver o que deu errado. Lição de vida.

3. Elogie (de verdade)

Se alguém fizer o trabalho que você pediu, elogie. Se alguém fizer o que você pediu com atraso, esclareça seu descontentamento sobre o atraso, e elogie o trabalho. Se alguém fizer mais do que você pediu, elogie. O elogio é a melhor ferramenta de relacionamento que eu conheço, quando verdadeiro. Mas cuidado: se você não está elogiando de verdade, as pessoas vão saber. E aí você passa a ser visto como um falso. Então procure as coisas bacanas nas pessoas e elogie.

Seja doce a ponto de saber reconhecer a diferença que cada um dos envolvidos faz no seu evento, e elogie. Procure as coisas belas, reconheça quando encontrar e agradeça por isso. O elogio é um agradecimento que virou rei. É o premium dos obrigados.

E se eu puder dizer mais: não espere elogios. Se você merece, eles sempre chegam. E da melhor forma possível.

4. Pergunte

Tem escada para pendurar os banners? Tem banheiro para 350 pessoas? Tem café para 500 pessoas? Tem energia para 27 tomadas nessa parede? Tem estacionamento? Tem restaurante aqui perto? E se todo mundo resolver sair ao mesmo tempo, como descer as escadas? Tem band aid? Tem mais dez cadeiras aí? Tem? Tem? Heeeeein?

Pergunte tudo. Crie uma gincana de perguntas. Pergunte sobre a estrutura do local, pergunte se as pessoas que vão lhe atender no dia dormiram bem e estão preparadas para a aventura, pergunte se elas aceitam um café, pergunte. Como foi o final de semana, quais são os planos do Natal da família. 

Perguntando você ganha duas coisas: segurança para imprevistos que vão acontecer no momento do evento (mas vocês me disseram que tinha escada!) e conexão com as pessoas certas para lhe auxiliarem quando necessário. Afinal de contas, agora você sabe até onde elas vão viajar nas próximas férias com o sogro, a sogra e o cunhado que vive incomodando. Você tem portas abertas com elas. 

5. Experimente

Esqueça dietas, calorias e o verão que se aproxima. Experimente. Sabe aquele casamento imperdível que você não vê a hora de sair correndo para a mesa dos doces? O mundo vai acabar se você não experimentar todos eles pelo menos umas sete vezes? Faça isso. Na vida e num evento.

Se os seus convidados vão comer, você tem que saber se as coisas estão boas, no mínimo. Prove. Várias vezes. Quando a térmica de café for trocada, prove. Se não está bom/quente/gostoso para você, você realmente quer oferecer aos outros? E juntando esse item ao anterior: pergunte. Queira saber se as pessoas estão gostando do que você está oferecendo, se elas precisam de alguma coisa até mesmo quando você tem certeza que elas estão ótimas, cheias de pão de queijo nas mãos e sorrindo sabor cappuccino. Seja interessado, curioso e proativo. 

6. Entregue mais

Se o evento tem 200 inscritos, tenha 250 canetas. Tenha mais pastas, mais doces, mais bebidas, mais comidinhas. E entregue essas pequenas coisas para as pessoas que estão trabalhando com você. Sim, elas trabalham por dinheiro, a gente sabe. Mas sempre tem um pai que vai adorar chegar em casa e levar um monte de canetas do evento para os filhos, super orgulhoso do trabalho que faz. Sempre vai ter um segurança que virou a noite e gostaria muito de comer aquele bolinho especial e tomar um café do evento. As pessoas são assim. Elas querem colaborar, não apenas trabalhar. Elas querem viver experiência, não apenas tarefa. 

7. Ajude em tarefas estranhas

Carregue coisas que você não precisaria carregar. Ajude a solucionar problemas que não são seus. Você, sendo peça fundamental num evento, tem a mágica chance de se relacionar com pessoas únicas, e nunca se sabe qual atitude sua é semente de uma próxima oportunidade. Ajeite a apresentação daquele palestrante que não sabe mexer muito bem no computador, sirva um café para alguém que você vê que está super a fim e não pode sair da sala, ofereça gentilezas que as pessoas não esperam de você. É isso. Ao enxergarem você desempenhando diversos papeis e sendo multitarefa, as pessoas vão fazer a leitura de que você está pronto para qualquer coisa. 

Sim, cada evento deve ter os responsáveis de cada área. E eles têm as suas obrigações. Mas dê o seu toque de gentileza em tudo. É como ajudar uma senhora a carregar suas compras no elevador do prédio. Não, ela não precisa de você. Mas ficará mais feliz se você ajudar, de graça e de coração.

8. Entregue um olhar

Essa é a mais filosófica/maluca de todas e eu nem sei se lembro direito no exemplo que eu tinha em mente quando rabisquei esse texto. Mas a sensação é de que as pessoas acreditam na força do seu olhar. Então entregue seu olhar. A gente acha que vestir a camisa de uma causa, de um evento, de um propósito é suficiente. Não é. A gente tem que vender a alma para o que acredita. E depois recebe vida em troca. 

9. Visite a cozinha

Entre na cozinha. É o melhor lugar do evento. Saiba como as coisas são feitas. Eu sempre disse que o que mais me encanta num evento é a chance de ter contato com muita gente diferente e de realizar tarefas que vão desde varrer e colar etiquetas, até falar inglês por três horas numa discussão meio doida. Então procure. Explore. Vá até a cozinha, converse com as pessoas de lá. Entenda os processos, acompanhe.

Visitar a cozinha porque quando você precisar de uma coca-cola bem gelada, estiver com os pés doendo e não aguentando mais a maratona que passou, aquele garçom super simpático para quem você sorriu lá no comecinho desse texto vai estar ali, pronto para lhe ajudar e para lhe dar parabéns, sim, por mais esse evento que você conquistou.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

faxina sentimental.

conversa comigo mesma.

continua valendo.
- repost de 2010 -


o que acontece com a nossa alma quando a gente fica triste? por que será que tudo fica escuro e sem graça, nada mais tem magia ou valor, e os dias poderiam simplesmente passar e passar, e nada mudaria para nós? quando a gente fica triste, para de olhar para as coisas que nos fazem felizes. para de sentir aquela coisinha boa tipo: ai, que coisa boa viver. e isso é mais triste. quando a gente não controla essa tristeza, a única coisa que consegue é ficar mais triste. porque vai caindo aos poucos, vai se deixando levar pelo desânimo, e daí ficar levantando e caindo não dá. tem pouca coisa que me deixa muito triste. é bem assim... e eu não tenho meio termo, sabe? se é pra ficar triste, que seja chorar até não encontrar mais meus olhos. se é pra ficar triste, que seja passar o dia inteiro sem falar com ninguém. se é pra ficar triste, nem quero mais almoçar, tomar café, nem bater papo com ninguém. mas pra que tudo isso, né? se sou eu quem fica triste, e não os outros que me fazem ficar. eu já tinha escrito uma vez sobre isso. ninguém, além de nós, é responsável pela nossa tristeza, pela nossa alegria, pelo nosso resfriado, pela nossa conta do celular que atrasou. mas a gente adora colocar a culpa nos outros. foi ele quem me magoou, foi ela quem me deixou triste e por aí vai. então acho que encontrei uma pequena solução: aumenta o som, muda os móveis de lugar, toma um banho de princesa, seca o cabelo como se fosse casar, e lembra sempre: se não são os outros que te deixaram triste-perdido-com-medo-com-fome-e-chorando-sem-parar, não são eles que vão te deixar feliz e radiante. é você. 

eu desejo que você pare de perder tempo dizendo que nunca tem tempo.

mas em 2010 eu fiz 999 posts. não vai dar para ler tudo.

fala sério.

reli agora todos os meus posts de 2009.
e concluindo: mudei muito. e não mudei nada.

William Shedd

Um barco está seguro no porto.
Mas não foi construído para isso.

Alberto Caeiro

Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.

lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor ainda.

parece que foi shakespeare.

over and over.

Esquecer é uma necessidade.
A vida é uma lousa,
em que o destino,
para escrever um novo caso,
precisa de apagar o caso escrito.

Machado de Assis (?)

rehab de posts.


(...)

rico só é o homem que aprendeu,
piedoso e humilde,
a conviver com o tempo,
aproximando-se dele com ternura,
não contrariando suas disposições,
não se rebelando contra o seu curso,
não irritando sua corrente,
estando atento para o seu fluxo,
brindando-o antes com sabedoria
para receber dele os favores e não a sua ira;
o equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo,
e quem souber com acerto a quantidade de vagar,
ou a de espera,
que se deve pôr nas coisas,
não corre nunca o risco,
ao buscar por elas,
de defrontar-se com o que não é.

Raduan Nassar, em Lavoura Arcaica

pequeno diálogo infinito.

- mas, e aí?? o que vc quer?
- quero te ver todos os dias.

tentei ir dormir antes da meia noite.



Na verdade,
O sabor do silêncio
E a busca das respostas
Sempre estiveram ali

A gente é que com o tempo
Aprende a parar de fazer tanto barulho
De buscar tão longe
Tão fora

O que na verdade está perto
Está dentro



***


Post meu no dia 8 de dezembro de 2009.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

que medo alegre, o de te esperar (clarice lispector)

the colorful side of life.


Amar os outros é a única salvação individual que conheço: 
ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.
Clarice Lispector

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

e eu que já não quero mais ser um vencedor.

esgotamento emocional | ressaca moral | fim da linha de entender | cansaço de pensar | chega de racionalizar | terminal da história | ponto final

free fallin'


Chegou em casa carregando uma mistura de sentimentos dentro da bolsa. E de uma sacola. 

Adorava chegar com tudo caindo, entre procurar a chave e atender o telefone, entre abrir a porta e olhar as flores.

Pequena, a sacola. Menor ainda, ela. É mágica a quantidade de vida que cabe dentro de uma pessoa que se dispõe a ser plenamente feliz. O tamanho não importa, as certezas ficaram dentro do ônibus que veio pelo deserto iluminado da estrada. Ela via, da sua sacada, os caminhos se cruzando naquele horizonte. 

E via mesmo o horizonte? E o horizonte que via era mesmo o limite? 

Quis pegar seu coração e levá-lo para casa. Na mesma bolsa. 

Nada.
Voltou.

Deixou seu coração pela rua. 

É como se tivesse um encontro marcado com cada novo dia. Sim, é demais. Exagerado. Irritante, disseram uma vez.

- Você é exagerada. Tudo sempre é muito.

Voltou. E viveu de novo.

Cada vez que saía, encontrava com o coração que havia deixado num tapete pegando sol na janela ou naquela limonada que demorou tanto para chegar. Tem quem diga que parecia viver num festival de cinema, onde diariamente inventava seus roteiros. 

- É. Sou exagerada.

(Disse para si, baixinho enquanto esperava o elevador chegar com mais uma possibilidade de descer para o mundo. Para depois subir ajudando a carregar suas descobertas.)

Viveu de novo. 

Uma nova sacola de inspirações. Uma palavra ou dez volumes de literatura. Uma nota ou uma coleção de discos. Um olhar cruzado ou uma noite de amor. O tamanho das coisas não importa quando a gente toca de verdade o valor que todas elas têm. 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

páginas em branco.


Se a gente vira a página de uma folha que foi completamente escrita, tem boas possibilidades de encontrar uma página em branco, pronta para receber uma nova história. A sua história. Entretanto, é preciso olhar mais para as próximas páginas, que para as linhas que se foram. Os pedaços de momentos escritos lá para trás ainda ficam no mesmo livro. A gente não perde. O que não podemos fazer é escrever em cima do que já passou. Rabisca demais, fica ilegível. Temos que ler e metabolizar esta página que hoje nos olha, tirar lições das suas frases, ajeitar a pontuação, deixar as palavras mais perto da nossa perfeição e virar. 

É quando a gente aprende a virar a página e enxergar a beleza do vazio de não saber, não entender, não poder controlar que a gente começa, de fato, a escrever de novo.