segunda-feira, 17 de outubro de 2011

pronto.



Eu nasci antes do tempo. Eu tinha pressa de conhecer o mundo. Eu saio correndo para não perder o elevador, mesmo sabendo que seria só chamar de novo que ele viria. Igualzinho. Mesmo elevador, mesmo andar. Eu quero conhecer o mundo todo, todas as pessoas, os filmes, os livros. Eu fico nervosa quando parece que vou perder alguma coisa da vida.

Se eu tenho pressa? Claro, eu só tenho uma vida. Uma vida e zero garantias. Uma vida e tudo para construir. Se eu saio correndo? Mas é claro. Que graça tem passar pela vida e ficar vagando? Que graça tem nunca ter certezas para proteger? E dormir cedo, e acordar com a sensação de que nada anda muito bem. 

Eu queria ser bipolar, sabe? De diagnóstico psiquiátrico. Ai, será que não sou? Ser bipolar para justificar com a medicina a quantidade de coisas que vão e vem. A quantidade de coisas que me fazem sorrir, chorar, sofrer, amar e mudar. O tempo todo. Uma vez me perguntaram quantas horas de sono eu preciso por noite. E eu respondi: depende da noite. Ora. Coisa chata essa de precisar sempre da mesma medida da mesma coisa para sentir fé. Nada. Eu cato a fé pela calçada. 

Meu gráfico é torto, minhas manias mudam, eu troco os móveis de lugar e quanto mais coisas diferentes acontecerem comigo num dia só, mais feliz eu volto para casa. Ah, claro, eu sempre volto para casa por um caminho diferente. Por isso é que provavelmente a gente nunca mais vai se encontrar. 

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