sábado, 13 de agosto de 2011

às vezes a gente esquece de respirar.


Espalhem para os amigos. Coloquem nos maiores outdoors da cidade. Anunciem nas revistas mais famosas do país. Não, o amor não é suficiente. Ok? Chega de achar que é. Parem de inventar história. Amor é uma coisa incrível que a gente tem que cultivar, sim. Mas não é suficiente. Amor é uma força. É uma grande força. Mas é a força mais frágil que eu já ouvi falar. 

Primeiro, eu vou falar, você vai ficar de cara e talvez não sejamos mais amigos. Mas eu preciso dizer: a verdade é que a maioria das pessoas nessa vida não conhece o amor. Conhecem namorico, paixãozinha, paixãozona, sei lá. Apego, saudade, virtude, amizade colorida, transparente, cor da pele. Mas amor, não. E não digo isso porque eu conheço e sou incrível, talvez eu ainda não conheça também. 

A gente se apaixona, se ilude, adora, curte, enfim. Mas a gente não tem discernimento, capacidade, auto-entrega, sentimento e força para entender o potencial de um verdadeiro amor. A gente procura encaixar todas as histórias nos mesmos estereótipos que a gente viveu, que os nossos conhecidos viveram, que a novela das oito mostra. E não. Nada disso é amor. Enquanto não entrarmos com profundidade na sensação de ser em si, sozinho, completo, cheio de propriedade de vida, não saberemos o que é esse sentimento. Isso não significa oito anos de celibato, um mês de solteirice, dois anos sem namorar, nada disso. 

Significa o timing das coisas. Significa saber ler. Ler os trajetos da vida ao lado dela. E procurar não errar o compasso. Andar mais rápido, se ela saiu andando na frente. Sentar e esperar, se ela decidiu levar mais tempo para se arrumar. Mas é preciso saber essa leitura. 

Amor é nobre, é paz. Amor é entregar as chaves da casa, é fazer barulho resmungando ao acordar. Amor é a essência da simplicidade. E a gente passa a vida tentando encher os baldes d'água, as gavetas de coisas, as malas de roupas. E não esvazia nada, não se esvazia de nada. E não tem como enxergar o amor assim. Ele se assusta. Corre. Desaparece. 

Talvez agora eu perceba que amor é o tempo certo. Por isso eu comecei dizendo que a gente não conhece o amor. Porque não conhece os tempos. Os tempos de deixar, os tempos de procurar, os tempos de entender, os tempos de respirar. Amor para mim é entender os movimentos da vida e procurar, com toda a alma, colocá-los no tempo certo das coisas. 

Um comentário:

  1. "Amor para mim é entender os movimentos da vida e procurar, com toda a alma, colocá-los no tempo certo das coisas."

    Adorei e penso muito igual! :)

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