quarta-feira, 2 de março de 2011

Não é a internet, são as pessoas.

Li esse texto no blog da Escola de Criação da ESPM, e vale a pena compartilhar.
Link aqui.

* Por Zico Farina, Diretor de Criação da Africa

Eric Schmidt falou nas páginas amarelas da Veja dessa semana: “Quem diz que o Google, o Facebook e o Twitter foram responsáveis pela revolução no Egito ou em qualquer país vizinhos incide num erro e comete uma injustiça. A revolução foi feita pelos egípcios. Muitos pagaram com a vida por participar dela”.

Olha, quem diz isso é o presidente do Google, que após 10 anos à frente do maior site de buscas do planeta, passa a bola para Larry Page. Sergey Brin segue junto, mas desenvolvendo novos produtos. Basicamente, o trabalho de Sergey é pensar em coisas que não existem e deixá-las melhor.

Quando o mundo inteiro se entrega ao postar instantaneamente, surge uma questão mais básica. Tipo: você usa as ferramentas ou você é usado por elas?


Teoricamente, se você acordar agora e decidir que vai cortar cabeças como na Revolução Francesa, tudo certo. Você também pode acordar na Rússia pré-revolucionária e decidir que hoje é o dia de criar um bloco comunista e outro capitalista. Também pode passar uma tarde fria em Berlim, num longínquo 1989, e ver seu vizinho quebrando um muro e decidir se juntar a ele na mesma tarefa. Você pode muito bem achar que o barco que você entrou, deixando mulher, filhos e família para trás, acaba de chegar numa terra nova, em meados de 1500, e criar uma potência econômica. Você pode economizar todos os seus tostões e parar em Nova Iorque bem no dia em que os Strokes resolveram se lançar. Você pode tudo a partir do fato de que você é dono do seu nariz e pode muito bem seguir cambaleante adiante. Você pode estar em um maio de 1968, em Paris, e achar que coquetéis Molotov são a divisão entre ser e estar. Você pode também odiar um presidente brasileiro desmiolado e pintar seu rosto de preto e sair às ruas. Bem: isso tudo sem disparar um Twitter, nem postar um vídeo no Youtube, ou um manifesto no Facebook, nem dividir suas impressões políticas ou anárquicas no Instagram.

Bom assim, melhor assim. O Gil Giardelli, um dos caras que mais entendem do mundo virtual nesse país, falou no TED porto-alegrense de algo que intimida o mundo e ao mesmo tempo serve de fósforo na gasolina: “O Twitter não está mudando o mundo. São as pessoas que estão mudando de comportamento”.
Bingo. Não é uma revolução tecnológica – é uma revolução de comportamento, é uma revolução das pessoas.
De tudo que vemos acontecer, precisamos ter um pequeno punhado de razão para ver que a verdadeira revolução acontece dentro de cada um de nós. E se tiver internet para dividir com mais alguém esse pouco de fúria e vaidade, melhor.
Dica: Alesandr Ródtchenko, na Pinacoteca do Estado. Estética russa sendo criada no olhar fino e sincero do mestre. Leica forever.

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