sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

bipolar, por fabrício carpinejar.

uma coisinha que faltava para encerrar o ano... deixar para vocês algumas partes de uma das minhas crônicas preferidas do carpinejar. uma em que me inspiro muito, que eu risquei de lápis de cor colorido no meu livro, que eu releio sempre que sinto vontade de voar por aí.

está no livro o amor esquece de começar.




bipolar

eu amo desorganizado, desavergonhado. tenho um amor que não é fácil de compreender porque é confuso. não controlo, não planejo, não guardo para o mês seguinte. a confusão é quase uma solidão adicional. uma solidão emprestada.

(...)

amar demais é o mesmo que não amar. a sobra é o mesmo que a falta. desejava encontrar no mundo um amor igual ao meu. se não suporto o meu próprio amor, como exigir isso?

um dia li uma frase de hegel: "nada de grande se faz sem paixão." mas nada de pequeno se faz sem amor.

a paixão testa, o amor prova.
a paixão acelera, o amor retarda.
a paixão repete o corpo, o amor cria o corpo.
a paixão incrimina, o amor perdoa.
a paixão convence, o amor dissuade.
a paixão é o desejo da vaidade, o amor é a vaidade do desejo.
a paixão não pensa, o amor pesa.
a paixão vasculha o que o amor descobre.
a paixão não aceita testemunhas, o amor é testemunha.
a paixão facilita o encontro, o amor dificulta.
a paixão não se prepara, o amor demora para falar.
a paixão começa rápido, o amor não termina.

(...)

brigo com o bom senso. ou sinto calor demais ou sinto frio demais.

uma ânsia de ser feliz maior que a coordenação dos braços. um arroubo de abraçar e de se repartir, de se fazer conhecer, que assusta. 

(...)

esse sou eu: que vai pela esperança da volta.

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