sábado, 17 de setembro de 2011

aula, filme e alguns pensamentos.


(Um Conto Chinês, Argentina, 2011)

É, a vida é um grande sem sentido, um absurdo, ele disse ontem ao final.

Ontem fui assistir Um Conto Chinês. Além de ser um filme super divertido, me deixou algumas reflexões. Talvez porque eu tenha ido logo após assistir uma aula sobre meditação e samádhi, e isso pode ter me deixado mais pensativa ainda. Juntando as duas coisas, a conclusão que eu cheguei foi que: a pior coisa que a gente pode fazer com a gente é ter apego a qualquer coisa. Qualquer. Uma cadeira que era do avô, um quadro, uma comida preferida, uma pessoa, uma história, uma música. Um filme. Esse tipo de apego a gente entende. A gente (nem sempre) consegue se desfazer. Mas acha que entende. E o apego a algumas emoções? Elas, justo elas, as responsáveis pelo nosso nível mais denso de inteligência. A gente se apega e fica. Parado e burro ali. Estou com saudades, estou com fome, estou cansado, estou a cada momento me apegando a uma emoção. Para quê? Para ficar cada dia mais preso a elas? E cada dia contar menos com a intuição, com a leveza de entender os percursos da vida? 

Sim, precisamos nos relacionar. Sim, precisamos de comida, de água e aquela coisa toda. Mas não precisamos ficar burros quando sentimos necessidades. Não existe nenhum motivo para isso. O desespero de uma relação que termina não precisa manchar os seus dias. Tem uma próxima parte na sua vida que vai chegar bem linda e saltitante depois disso. A tristeza da morte de uma pessoa não pode prender a sua vida nessas lembranças. No filme, foi preciso que uma vaca caísse do céu para que o Roberto conseguisse desapegar, tanto de coisas velhas e antigas que já não serviam mais, quanto desse jeito difícil que ele encontrou de ser. A gente não tem ideia do que acontece no livro da nossa vida enquanto a gente vive a página de hoje. Mas está tudo lá. Como uma frase que eu já coloquei aqui esses dias: em cada momento do presente, existem passado e futuro. Então, como você está se preparando para viver esses dias que chegam logo amanhã? E como você vai contar as histórias que passaram? É isso. A minha resposta é: com intensidade e leveza. Ao mesmo tempo. É assim que eu acredito. E é assim que tenho feito. 

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