quarta-feira, 25 de agosto de 2010

aprender a esquiar (ou a metáfora da vida).



Aprender a esquiar (ou a metáfora da vida).

Tem gente que tem força, mas tem medo. Tem gente que não tem muita força, mas também não tem medo. E por isso encara qualquer negócio. E tem gente que nem sabe se tem força ou não, nem para pensar nisso e vai seguindo. Alias, nem sabe a razão pela qual vai indo, mas vai. Depois, no caminho, descobre para onde. Na semana passada fui para Bariloche, na Argentina, esquiar. Ok, errei. Tentar esquiar. Hmmm... Tentar aprender a esquiar. Tentar pelo menos ficar em pé, sem tombar para o lado como um saco de batatas. Tentar superar a mim mesma e pelo menos acordar para ir esquiar. E eu fui. Meio carregada à força, mas fui. Ok, errei de novo. Totalmente carregada à força, fui. Eu não tenho preguiça, sério mesmo. Nem é falta de vontade. É medo. (Era?) Medo de subir. Medo de olhar para baixo. Medo da velocidade do esqui na neve. Jamais medo de cair. Mas medo de todo o resto. Como eu poderia não ter medo de cair, mas ter medo de tentar? Como a gente diz que não tem medo de errar, mas não arrisca alguns cometer erros? É tudo mentira. A gente tem sim. Medo de errar, medo de tentar, medo do que não conhece, medo do que pode, sim, pasmem, dar muito errado. Muito errado mesmo. E daí? Daí levanta, sacode a neve, ajeita o esqui e desce, criatura. Porque quem não cai, não aprende a andar. Quem não erra, não aprende a viver. E outra dica: se a gente vai passar os próximos anos vivendo e aprendendo, como dizem por ai, então está implícito que vamos continuar vivendo. E errando. Caindo, certo, gente. Esqui pra um lado, pernas roxas, dorflex pra dormir, aquela coisa toda. E essa é a metáfora da vida. Ganhando força, perdendo o medo. Escolhendo o melhor caminho, a melhor pista. Desviando de quem está parado. Deixando passar quem sabe mais, e olhando para aprender como se faz. Aprendendo a esquiar, cair e levantar.

E só para constar: por mais que esteja todo mundo em volta, a gente desce sozinho. É, isso mesmo... Sozinho.

E só para constar, parte 2: pai, obrigada.

3 comentários:

  1. Adorei e penso um pouquinho assim também, bjs Bebel

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  2. oba!!! adoro comentarios queridos. beijos bebel!!!

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  3. Mari!
    muito claro o teu texto e exato! e nesta exatidão toda é possível pereceber que tudo cabe e depende de VONTADE, tudo é possível, ainda mais, porque mesmo tendo um monte de gente é sozinho, é um movimento individual...

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