terça-feira, 3 de agosto de 2010

lembranças de família.


Lembro das balas em tiras enormes que a vó comprava para mim quando íamos ao teatro. Deve ter sido influência dela toda essa paixão por teatros, apresentações, música, espetáculos. Cada cesta dos vendedores de guloseimas na entrada do São Pedro me emociona como se fosse a primeira vez. O tempo que passou me envergonha de querer aquelas balas. Deixo-as na infância, naquele desejo de poder escolher quais eu queria. Lembro dos empurrões que meu pai me deu para viajar, descobrir o mundo para criar meu mundo. E de quantas vezes pude voltar para casa, independente de qual casa. E sentir meus pais separados, mas lado a lado dentro de mim. Lembro de quando ele foi embora, recordo como se fosse hoje meu rosto que virava para o encosto do sofá e minhas lágrimas que então já choravam sozinhas. Mas lembro das camisetas que ele mandou fazer para comemorar o Dia dos Pais, lembro de subir no balcão da casa de Garopaba, posando para a primeira foto na casa nova. E vão-se os anos. São muitos acontecimentos, mas às vezes fico pensando em quais deles eu lembro e questiono minhas lembranças. Por que me lembro de quando ele me deixava sozinha nas quintas à noite (choramingando ao som de Pink Floyd) e por que não lembro de todos os finais de semana que ele passava comigo? Por que esquecemos tantas coisas que devíamos lembrar para sempre? Entre família, relembrar sensações de infância e adolescência é relembrar o que deu origem a muito do que somos agora. E esquecer isso pode ser deixar de lado muito do que temos de maravilhoso por dentro. (Obs: e essa na foto sou eu!)

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